Do “Emendão” ao “Cotão”! Câmara de São Luís vira antro de corrupção

Do “Emendão” ao “Cotão”! Câmara de São Luís vira antro de corrupção

Os dois esquemas são como gêmeos bivitelinos dentro do Legislativo, evidenciando que ‘organização criminosa’, teria transformado o Palácio Pedro Neiva de Santana, num verdadeiro ‘laboratório’ para lavar dinheiro público

Palácio Pedro Neiva de Santana se transformou num laboratório ‘desastroso e corrupto’

SÃO LUÍS: Desde 2019, quando o escândalo do ‘Emendão’ jogou na lona o ex-presidente da Câmara de São Luis, Antônio Isaias Pereira Filho – o Pereirinha (PSL) e o ex-secretário de Esportes do Município, Romeo Amim (PCdoB), os sonhos de alguns vereadores na política passaram a ser assombrados por uma figura onipresente nos esquemas de corrupção comandados pelo Legislativo ludovicense: o contador.

Acostumado a lidar com toda a área financeira, econômica e patrimonial, o contabilista sempre foi usado nos esquemas como espécie de ‘cientista do crime’ para lavar dinheiro público no ‘laboratório’ montado dentro do Legislativo ludovicense. O profissional atua tanto na elaboração dos projetos como também é responsável pelas prestações de contas dos convênios [das emendas] assinados com as entidades investigadas.

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O problema, entretanto, é que o cantador do ‘laboratório’ da corrupção, instalado no Palacio Pedro Neiva de Santana, também estaria sendo usado para operar outro escândalo no âmbito do próprio Parlamento: a máfia que desvia recursos da Verba Indenizatória do Exercício Parlamentar (VIEP).

De acordo com levantamento realizado pelo blog, o envolvimento de alguns destes contadores é apenas o mais visível aspecto que une os ‘emendeiros’ e o escândalo da VIEP, conhecida como ‘Cotão’, que está prestes a estourar. Mas a coincidência de outros personagens e do modus operandi dos dois esquemas permite dizer que o emendão – e seus milhões de reais – pode ter sido apenas um laboratório para a trama criminosa no cotão.

No próximo capitulo, o blog vai publicar alguns dos documentos anexados nos balancetes de prestação de contas da VIEP que mostram alguns absurdos e gastos desnecessários com o erário em plena época de pandemia.

Só pra se ter ideia da gravidade dos fatos, por exemplo, teve vereador que prestou contas justificando as despesas do mandato apresentando uma nota fiscal em nome de um diretor da Casa. Além disso, há casos em que um parlamentar prestou contas com despesas de ‘consultoria’ usando notas fiscais emitidas por contadores investigados, conhecidos nos escândalos como ‘emendeiros’ e ‘viepeiros’.

Tanque furado

O blog analisou que a utilização dos recursos da VIEP estaria contrariando a legislação ao ressarcir os parlamentares por despesas “ordinárias”, “previsíveis” e “rotineiras”, como a compra de material para consumo em escritórios, a aquisição de combustíveis e lubrificantes para veículos e a contratação de consultoria. Nesses casos, o procedimento licitatório é obrigatório por lei.

Um dos mais absurdos casos é o uso de verba indenizatória para a compra de combustível. Segundo documentos aos quais tivemos acesso, um dos parlamentares teria abastecido num único ‘Golzinho’ mais de R$ 5 mil reais em combustível em um mês. Será se o edil pensava que o veículo era um ‘foguete’ para levá-lo à lua?

Verbas indenizatórias se transforma em um verdadeiro escoadouro de dinheiro público

Contratos sob suspeita

O decreto de calamidade pública, que agilizou aos gestores públicos a compra de equipamentos e insumos para o combate à covid-19, também permitiu mais facilidades aos grupos mal intencionados que estão à frente de órgãos públicos.

Na Câmara de São Luís, por exemplo, um levantamento realizado pelo blog com mais de 600 páginas de análises sobre os gastos ao longo do ano passado, mostra um raio-x da atuação do órgão legislativo na pandemia.

Foram encontrados contratos dos mais diversos, dos quais mais da metade teriam indícios de irregularidades. Existem, por exemplo, gastos com mais de R$ 180 mil para fornecer quentinhas, num período em que foram baixadas várias resoluções que tratam da suspensão das atividades para conter o avanço da Covid-19 na Casa de Leis.

A paralisação dos trabalhos, entretanto, não estancou o escoamento do dinheiro público que continuou escorrendo pelo ralo. Existem ainda a assinatura de proposta de R$ 890 mil com empresa de eventos. Curioso é que uma das empresas contratadas chegou a ser alvo de uma operação da Polícia Federal que apura desvio de recursos na saúde evidenciando ainda mais as suspeitas de irregularidade.

One thought on “Do “Emendão” ao “Cotão”! Câmara de São Luís vira antro de corrupção

  1. Não precisa ir muito longe. Basta avaliar o contrato da Sofia Comunicação com a Câmara. 9 milhões para fazer nada de comunicação. Não há sequer camaonha que justifique tanto gasto

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