FLÁVIO DINO E O MICROFONE

FLÁVIO DINO E O MICROFONE

Astrogildo Pequeno

O governador do Maranhão parece gostar mesmo de microfone.
Em Lago da Pedra, em 2016, Flávio Dino e Maura Jorge se desentenderam, em palanque, enquanto disputavam o microfone, ela querendo discursar e ele se negando a dividir a fala com a então chefa do executivo lagopedrense. Ficou feio para ele, mostrou-se autoritário ou, no mínimo, mal-educado.

Novamente, agora em Imperatriz, o governador entra numa disputa pelo microfone, em plena “Marcha para Jesus”, num ambiente religioso, repleto de pastores e crentes. Claramente não havia espaço para política. Ali, o chamado “professor de Deus” tomou o instrumento de som do Pastor e recitou versículo bíblico tratando de “ verdade, de fraternidade e de vida em abundância”.

Era o especialista em meio aos especialistas em Bíblia. Falou de Cristo e esqueceu de Sua maior lição, a humildade.

Não contava com a verdade do pastor que logo denunciou a ação do governador em lhe tomar o mecanismo aumentador de voz e falar em palco evangélico, sem anúncio, sem convite, sem educação e sem cabimento.

Entre inúmeros “sem”, faltou também fraternidade ao governador, quando arrancou das mãos do seu irmão crente o poderoso instrumento. Instrumento, ao que parece, tanto o seduz e o cativa: o microfone!

Talvez porque o governador presenciasse, naquele momento, vidas em abundância. Afinal era uma massa de crentes, uma plateia enoooorme. E Dino não resistiu. Desnudou-se, mostrou verdadeiramente quem é: um aficionado por microfones. Ou pelo poder desse mecanismo de propagação, de difusão da voz e das ideias. O poder do microfone, o poder do discurso.

ACOMPANHE OUTROS ARTIGOS (AQUI)

As próximas eleições já batem à porta e Flávio Dino parece esquecer seus discursos da campanha pretérita. Tanto ele perseguiu o poder, tanto ele criticou, tanto ele prometeu, tanto ele jurou transformar o Maranhão e, passados quase três quartos do seu mandato, quase nada mudou além do CPF do ocupante do Palácio dos Leões.

Benjamim Disraeli já disse: todos amam o poder, mesmo que não saibam o que fazer com ele.

Flávio Dino gosta de microfones mas ama mesmo é o poder que ele representa. O poder de ser ouvido, queira ou não a plateia. Eis a típica arrogância dos que se acham senhores dos saberes.

Ou pode ser, simplesmente, o poder pelo poder, o gosto pelo mando. Penso, logo existo. Quero falar, logo falo.

No sério, além da infeliz prepotência de tomar o microfone de um religioso, em pleno culto evangélico, o governador tem mesmo é perdido a oportunidade de dizer a que veio, de honrar os centenas de milhares de votos de maranhenses (inclusive o meu) desejosos de novos tempos e de, verdadeiramente, um Maranhão de todos.

Aliás, na visão do governador, o Maranhão pode até ser de todos, mas o microfone…
Que o tempo confirme.

[email protected]

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *