Fantástico exibe matéria tendenciosa sobre suposta compra de voto envolvendo apenas um lado

Fantástico exibe matéria tendenciosa sobre suposta compra de voto envolvendo apenas um lado

Se o placar em Nova Olinda teve diferença de dois votos, o que levou a Globo a veicular suposto crime apenas contra o candidato eleito?

Em matéria veiculada na noite deste domingo (20), o Fantástico – programa da Rede Globo de Televisão, revelou suposta compra de votos em Nova Olinda do Maranhão, município que teve a disputa pela prefeitura mais acirrada em todo o país.

Na ocasião, o Show da Vida mostrou que Ary Menezes (PP) foi eleito com 50,01% dos votos válidos, contra 49,99% de Thaymara Amorim (PL), que ficou em segundo lugar. E a diferença entre os dois candidatos foi de apenas dois votos. Detalhe: a candidata do PL recebeu R$ 304.257,16 em doações para sua campanha, totalizando o dobro do seu oponente.

A forma como o programa foi exibido ficou claro o direcionamento da matéria cujo objetivo era apontar crime que supostamente envolvia apenas o vencedor do pleito.

Uma edição jornalística apenas com acusação, sabem os profissionais do ramo, é tão autêntica quanto um jogo de futebol com um time só em campo ou uma luta de vale-tudo em que apenas um lutador sobe ao ringue, já sabendo do resultado antes da peleja.

Na reportagem, Thaymara aparece comemorando a vitória antes do fim da apuração, que com 97% das urnas apuradas, dava uma diferença de 100 votos a favor dela. No entanto, o resultado final deu a vitória a Ary.

Depois da vitória, porém, alguns eleitores confessaram ter vendido o voto em favor de Ary Menezes. E denunciaram que passaram a receber ameaças e represálias, segundo reportagem do Fantástico exibida ontem.

A matéria, assinada pela jornalista Regina Sousa, acerta quando denuncia um crime contra a democracia, que é a compra e venda de votos. O sufrágio não é mercadoria! O crime eleitoral grave, conhecido legalmente como captação ilícita de sufrágio, é definido pela Lei nº 9.840/99.

O Fantástico, no entanto, erra ao mostrar apenas casos envolvendo um dos candidatos – o que venceu a eleição.  Com isso, a matéria ficou parecendo direcionada e tendenciosa.

Por conta disso, algumas perguntas merecem respostas:

1. Quando esteve no município, o Fantástico encontrou a suposta compra apenas contra o adversário de Thaymara Amorim?

2. O que motivou uma comemoração da candidata do PL, mesmo sem a conclusão da apuração?

3. Porque Thaymara tinha tanta certeza de sua vitória ao ponto de sair pelas ruas em comemoração?

4. Se o placar teve diferença de apenas dois votos, porque a reportagem só mostrou a suposta compra de eleitores a favor do prefeito eleito?

5. Porque Thaymara perdeu a eleição, mesmo com o dobro de doações do rival acusado de comprar voto?

6. O que motivou os eleitores a confessarem a suposta venda dos seus votos?

7. Os eleitores são cientes de que venda de votos é um crime punido com prisão de até quatro anos, conforme determina o Código Eleitoral?

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