Jovens empresários podem desbancar domínio oligárquico de quase quatro décadas em Pinheiro
PINHEIRO: Quatro décadas atrás, quando o Brasil se preparava para sair da ditadura, uma nova geração de políticos surgia no município maranhense de Pinheiro. O médico Pedro Lobato era uma novidade. José Genésio, que é são-bentuense, já se aventurava neste segmento. Os dois passaram a contar com a presença do engenheiro Filuca Mendes, que também demonstrava os mesmos objetivos da dupla.
A partir daí, a ‘Princesa da Baixada’ passou a experimentar a ascendência das oligarquias ao poder, fazendo surgiu um dos mais característicos fenômenos sociais e políticos do período: o coronelismo.
Dos três, Pedro Lobato foi o primeiro a alcançar por duas vezes a principal cadeira do Executivo Pinheirense. Ele foi prefeito por dez anos, num mandato de seis anos entre 1986-1992 e outro de quatro anos, que durou até 1996.
Em 1996, quando José Genésio se elegeu para a prefeitura, foi uma grande mudança. Desbancou uma hegemonia que durava uma década. No entanto, Genésio não conseguiu repetir o feito do antecessor e ficou no comando do município apenas por quatro anos, entre 1997 a 2001.
Passou o poder para Filuca Mendes, na eleição de 2000 – considerada por muitos como o pleito do milênio. E parecia que novos ventos tomavam a política local. O que não podia se imaginar então era que esse novo grupo se perpetuaria no poder do município, formando uma espécie de nova oligarquia local.
Diferente dos dois adversários, o domínio de Filuca durou quase duas décadas, compreendendo o período de 2001 a 2009 e 2013 a 2017. Ele, entretanto, ainda conseguiu um feito inédito: elegeu seu sucessor José Arlindo Sousa, em 2008.
Quatro anos depois, quando Filuca conseguiu seu terceiro mandato de prefeito, em 2012, a cidade de Pinheiro se tornou uma das poucas na região a ter o mesmo governante durante um período de 16 anos. Em termos de concentração de poder, só não perde para Cedral (MA), que tem apenas dois governantes se alternando no comando da cidade desde sua fundação.
Em 2016, a família Genésio volta a controlar o município pinheirense com a eleição de Luciano Genésio. No entanto, para permanecer por mais quatro anos no poder, Luciano foi buscar apoio de um integrante da família Lobato. Convidou a hoje senadora Ana Paula para ser sua vice-prefeita, em 2020.
Ela é sobrinha do ex-prefeito Pedro Lobato, que administrou a cidade por uma década. Com o afastamento cautelar de Luciano em janeiro de 2022, Ana Paula faz história como a primeira prefeita do município, mas o ‘mandato the flash’, durou pouco menos de um mês, já que o titular retornou ao cargo em fevereiro do mesmo ano.
Em fevereiro deste ano, ela renunciou oficialmente ao cargo de vice-prefeita, para assumir o cargo de senadora, substituindo o senador licenciado Flávio Dino (PSB), que comanda atualmente o Ministério da Justiça e Segurança Pública do governo Lula.
Opções contra oligarquias
Agora, em 2024, exatamente quando iremos completar 38 anos do trio familiar no poder da ‘Princesa da Baixada’, haverá novas eleições. Será se o revezamento de uns poucos políticos no poder poderá acabar?
Ao que tudo indica, pode ser que sim. Até agora, temos pelos menos três nomes sendo ventilados para a disputa da prefeitura no ano que vem, fora do eixo oligárquico. São jovens empresários sem ligações com as famílias que dominam a cidade ao longo destas quatro décadas.
O primeiro deles que tem seu nome ventilado para a disputa é o empresário André da Ralpnet, que estaria liderando as pesquisas de intenções de votos. O jovem empresário Jefferson Soares, também é bastante lembrado como opção para o pleito.
Além da dupla, tem ainda o médico Dr. Joel Nunes, que hoje é secretário de saúde de São Luís, mas possui relações familiares e empresariais na cidade. O carisma e a experiência na vida pública podem ser fatores decisivos, inclusive, na escolha do profissional da medicina como candidato majoritário ou vice da chapa que pode ser encabeçada por um dos outros dois empresários. Esse, entretanto, é um assunto para nossa próxima abordagem.
Com informações do blog Isaías Rocha