“Agradeço aos meus adversários”, diz Flávio Dino ao se despedir do Senado

“Agradeço aos meus adversários”, diz Flávio Dino ao se despedir do Senado

Em um discurso de despedida do Senado, nesta terça-feira (20), o senador Flávio Dino (PSB-MA) prometeu que vai atuar com “imparcialidade”, “coerência” e “isenção” como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Esperem de mim imparcialidade e isenção. Esperem de mim fiel cumprimento à Constituição e à lei. Nunca esperem de mim prevaricação. Nunca esperem de mim não cumprir meus deveres legais. Um bom juiz fala muito pouco e ouve muito”, disse o senador.

A expectativa é que Dino renuncie o mandato de senador na quarta-feira (21). Ele toma posse como ministro da Suprema Corte na quinta-feira (22).

No discurso, Dino também citou a judicialização da política e defendeu o equilíbrio entre os Poderes. “Nós estamos vendo transferências de processos decisórios da política para outros espaços de poder; e aqui me refiro à judicialização da política. Eu estou indo para outra arena pública, para outro espaço de atuação, mas nunca esqueçamos: a lógica do equilíbrio funcional entre os três Poderes depende da atuação consertada entre os três Poderes”, disse.

Ao se despedir de Dino como senador, o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também falou da importância de equilibrar os poderes e pediu ao futuro ministro do Supremo que defenda a presunção de constitucionalidade das leis aprovadas no Congresso.

“Quando se faz uma lei no Congresso, há crivos de constitucionalidade. Igualmente, o presidente da República, ao sancionar uma lei, também realiza uma cuidadosa avaliação de sua constitucionalidade. Portanto, reconhecendo que o STF é o guardião da Constituição e que deve decidir em última análise a constitucionalidade das leis no Brasil, essa fidelidade é muito importante. Não foi por outra razão que o Senado constituiu uma PEC [propostas de emenda à Constituição] para que o juízo da constitucionalidade se dê pelo colegiado e não por decisões monocráticas”, afirmou Pacheco.

No Plenário, senadores se despedem Flávio Dino, que deve assumir cargo de ministro do STF na quinta (Foto: Jonas Pereira/Agência Senado)

No ano passado, os senadores aprovaram uma PEC que limita decisões monocráticas e pedidos de vista nos tribunais superiores. Em linhas gerais, a proposta impede que decisões tomadas por um ministro do STF suspendam a vigência de leis ou atos dos presidentes da República, do Senado e da Câmara dos Deputados.

Dino aproveitou para agradecer a todos os presentes, aos que colaboraram com ele e também aos adversários. “Eu não seria o que sou sem ter enfrentado todos os adversários. Se considerem, todos eles, também integrantes do meu patrimônio de gratidão”, completou.

Passagem pelo Senado

Com uma passagem rápida pelo Senado, Dino propôs uma série de propostas legislativas voltadas às questões de segurança pública e justiça, com a proibição de acampamentos em portas de quartéis, alterações no fundo nacional de segurança pública e mudanças em relação à prisão preventiva.

Como parlamentar, ele também busca assinaturas para uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que põe fim à aposentadoria compulsória de juízes, promotores ou militares que cometerem delitos graves. Há a expectativa de formalização de outros projetos ainda esta semana, antes da posse no Supremo, marcada para esta quinta (22).

Na volta ao Senado, Dino também chegou a presidir uma sessão plenária e usou a tribuna nos dias em que houve trabalhos na Casa. Na oportunidade, o senador defendeu a importância e a integridade do STF e manifestou preocupação com o que considera serem “falsas soluções” discutidas no parlamento, incluindo a ideia de impeachment de ministros do Supremo.

Para ele, a medida não deve ser adotada como uma reação a discordâncias com decisões judiciais, mas, sim, como uma sanção para casos de crime de responsabilidade, conforme previsto em lei.

Na PEC apresentada, Dino pretende acabar com a “aposentados compulsoriamente” ou beneficiados mediante “pensão por morte ficta ou presumida” ao excluir do serviço público juízes, promotores ou militares que cometeram crimes graves.

Marcando a passagem como parlamentar, Dino também elaborou até o momento quatro projetos de lei que serão analisados primeiramente pelo Senado. Apenas um deles não traz relação com segurança.

Trata-se da proposta para instituir uma estratégia nacional de avaliação dos hospitais no Brasil. O senador articulou pela aprovação das propostas, mas a discussão só vai começar após a saída para assumir a vaga no STF.

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